O cotidiano anestésico frente às novas tecnologias que batem a nossa porta – entrevista com Dr. Diogenes Silva

Dr. Diogenes Silva no 7º AnestEdu em 2017

“O mundo está mudando. E rápido. O workflow do anestesiologista está sendo impactado por novas tecnologias disponíveis e pela necessidade de um aumento significativo na segurança dos pacientes. Como será o trabalho do anestesiologista no futuro próximo? Qual será nosso papel junto às instituições onde trabalhamos? Como ressignificar o cotidiano anestésico frente ao novo mercado tecnológico que bate à nossa porta?”

Quem nos faz esses questionamentos é o médico anestesiologista Dr. Diogenes Silva, CEO & fundador da startup catarinense Anestech Innovation Rising. Ele será um dos palestrantes do Simpósio de Inovação de Gestão em Anestesiologia: Soluções para a Segurança do Paciente com Resultados para as Organizações de Saúde, no 8º AnestEdu, no dia 12 de maio.

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Uma boa notícia é que o Dr. Diogenes Silva também trará algumas respostas e caminhos sobre esses questionamentos e o cotidiano anestésico frente às novas tecnologias na fala “Registro Digital do Procedimento Anestésico (AxReg): Maior Impacto na Segurança e Economia Hospitalar”, do painel “Quarta Revolução Industrial: Tecnologias a Serviço da Segurança do Paciente Cirúrgico e da Sustentabilidade Hospitalar”. Veja a entrevista que ele concedeu ao blog do AnestEdu:

Veja também: Anestesia, inovação e gestão: como priorizar a segurança do paciente e garantir os resultados das instituições de saúde

AnestEdu: O senhor acredita que os médicos anestesistas brasileiros estão preparados para enfrentar o cotidiano anestésico frente às novas tecnologias?

Dr. Diogenes Silva: Os anestesiologistas estão perfeitamente aptos. Entretanto, culturalmente têm grandes desafios pela frente. É o balanço entre visão e aptidão e o engessamento cultural que vão determinar a velocidade da evolução. Não se movimentar, porém, não é opção.

AnestEdu: É possível priorizar a segurança e a qualidade do paciente, preservando os resultados financeiros para organizações de saúde? Tecnologias como o AxReg têm papel decisivo nisso?

Dr. Diogenes Silva: Não só é possível como é necessário. O financiamento da saúde por volume de serviço – pay for service – está condenado e torna o ecossistema insustentável. É justamente a melhoria da qualidade da atenção e, consequentemente, da segurança do paciente, que viabilizará a adequação ao pay for performance, uma tendência indiscutível no financiamento da saúde.

O AxReg tem papel decisivo porque permite medirmos a qualidade assistencial anestesiológica nas instituições. Se você não mede, não sabe, não gerencia. E é impossível ter sucesso sem gestão.

AnestEdu: Seguindo a linha da pergunta anterior, como o uso do AxReg pode impactar a segurança e a economia hospitalar? E mais: como a gestão de anestesia pode fazer isso?

Dr. Diogenes Silva: Impactar segurança e economia nas instituições passa obrigatoriamente por fazer gestão. Só se faz gestão do que se sabe e só se sabe o que se mede. O AxReg realiza digitalmente a melhor parte do prontuário dos pacientes, que é o prontuário anestésico, e permite que os dados documentados sejam resgatados para análises que geram conhecimento.

E o prontuário anestésico não só é o prontuário mais completo do paciente, com dados fisiológicos e farmacológicos tomados minuto-a-minuto; é também o registro de um procedimento de risco feito em um local tão complexo quanto uma operação de guerra, que é o centro cirúrgico.

O centro cirúrgico das instituições é responsável por 40% do consumo de insumos de um hospital e por 70% da sua renovação de leitos. Em média, 52% dos pacientes internados em um hospital são cirúrgicos (fonte: ANAHP). Portanto, se a anestesia conseguir manejar os dados perioperatórios, vai ajudar a gestão hospitalar enormemente e vai protagonizar um dos principais papéis na economia hospitalar.

AnestEdu: A quarta revolução industrial já está em andamento e, dizem as previsões sombrias, tornará, ou já está tornando, obsoleta para o mercado de trabalho uma grande parte da população. Precisamos ter medo dela?

Dr. Diogenes Silva: Todos os medos têm uma origem comum: a desinformação. Somo atraídos pelo desconhecido e ao mesmo tempo temos medo dele. Qualquer área que não se adaptar a esse novo mundo vai sofrer mais com as revoluções que estão acontecendo no nosso cotidiano cada vez mais rápido. A anestesia não vai ser imune a esse movimento, e profissionais que se adaptarem mais rapidamente farão uma passagem mais suave para uma nova era.